Com a palavra as palavras
- Antônio Márcio
- Jun 15, 2016
- 2 min read

Estava tentando ter uma inspiração para escrever um texto, mas em vez de idéias, só vieram palavras à minha cabeça. Comecei a pensar na pronúncia delas, nos significados, nas onomatopéias e percebi que isso era um bom material para uma crônica.
Existem algumas palavras que combinam perfeitamente com o seu significado. Aqui vão alguns exemplos: bochecha. Só de pronunciar, dá vontade de apertar. Pipoca parece que pula da boca. Fofo é uma palavra fofinha e umbigo não poderia ter outro significado. Ouvi uma ótima definição sobre cutícula. Vem de cútis, a pele. E ícula é o diminutivo dela. Ou seja, uma pelinha. Peruca parece um apelido. Só de pronunciar dá vontade de rir. Esdrúxulo é uma palavra esdrúxula. Onomatopéia deveria ser escrita com H e tem mais um problema: é muito parecida com centopéia.
Eu queria dar um troféu para quem inventou CC. Nem uma palavra é. São duas letras. Ou melhor, uma. E traduz exatamente aquele odor proveniente das axilas. Orelha é uma boa palavra. A questão é que fica perto do olho e quando misturamos as duas, vira olheira. Queijo é tão bom, mas tão bom que merecia uma palavra melhor. Fio é muito pequena para uma coisa que pode ser enorme. Cueca é uma palavra engraçada. Parece indígena, tipo pacu. Se bem que cueca também é pá cu. Vocábulo parece um palavrão. Molho é uma palavra molhada. Lágrima só de falar aperta o coração. Estalactite é um nome perfeito praquele treco. Poça é uma palavra rasa e buraco é funda. Ritmo parece que tem música, mas arritmia dá medo. Chique é uma palavra meio brega. Sexo é muito burocrática para algo que não pode ser nada burocrático. Estúpido é uma palavra cuspida e sorriso é uma palavra feliz.
Em meio a tantas palavras, chegamos ao fim, uma palavrinha de nada que pode acabar com tudo. Inclusive esse texto.
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